As dificuldades comunicativas e de linguagem estão entre
as principais características do autismo. O uso restrito de funções
comunicativas, a tendência a brincadeiras repetitivas, a dificuldade de atenção
conjunta e o pouco interesse em interagir com as pessoas são alguns fatores que
dificultam a aquisição da linguagem.
Pensando nisso, é fundamental buscar estratégias que
visem ampliar a funcionalidade da comunicação, aumentar a freqüência dos
comportamentos comunicativos intencionais e ampliar os meios e recursos pelos
quais a criança se comunica.
Para isso é importante lembrar que a linguagem não é
apenas verbal. Nos comunicamos através do nosso olhar, do sorriso, do tom de
voz que usamos, dos gestos, das expressões faciais e corporais.
Para favorecer a aquisição da linguagem verbal é
essencial observar a comunicação do seu filho. Como ele age quando está feliz,
bravo, triste ou ansioso. Em quais contextos aumenta a sua intenção
comunicativa. Estar atento aos interesses do seu filho é a chave para iniciar
uma interação eficaz.
A partir daí busque reforçar suas vocalizações, seus
gestos seus sorrisos, mostrando que compreendeu o que ele está expressando.
Procure equilibrar rotinas conhecidas a fatos novos, como
novos objetos e atividades, mas evite expor seu filho a situações muito
complexas ou muito inesperadas, pois geram insegurança e ansiedade que podem
dificultar a interação;
Seja menos diretivo durante a interação e procure direcionar sua atenção para o foco da criança. Não é necessário "jogar
conforme as regras", mas é fundamental que a brincadeira desperte seu
interesse, que seja prazeroso e divertido.
Evite falar sem parar! Dê espaço para que seu filho possa
se expressar ainda que de forma não verbal, ocupando o seu turno comunicativo.
Não se preocupe se algo sair errado, diferente do
planejado. Situações “problema” muitas vezes geram trocas comunicativas
efetivas e significativas, favorecendo a interação.
Quando surgirem situações difíceis evite dizer "não
faça isso" ou "não pode". Diga o que você deseja que ele faça,
como "tire isso da boca", "Desde", "Pega".
Em situações de conflito, explique com uma voz calma o
que seu filho deve fazer e o que acontecerá em seguida, por exemplo, "Eu
sei que você quer brincar de bola, mas primeiro vamos terminar esta
atividade", ou negocie deixando que brinque um pouco e em seguida retorne
a atividade, por exemplo "ok, pode brincar um pouco, agora me devolva e
faça a sua atividade. Muito bem, você fez sua atividade, pode brincar mais um
pouco." Utilizar um sistema de comunicação visual pode auxiliar muito a
criança a visualizar o que virá a seguir.
Quando surgirem ecolalias, busque interpretar seu
significado. Muitas vezes a criança recorre à ecolalia por não saber o que
dizer ou como responder a uma pergunta, solicitação ou comando. Neste caso,
pode-se oferecer à criança uma opção de escolha, veja o exemplo abaixo:
Mãe: Você quer uma banana? (Pergunta)
Filho: Você quer uma banana? (Ecolalia)
Mãe: Você quer uma banana? Sim ou Não? (Opção de escolha)
Filho: Sim. (Resposta verbal)
Ou retome o turno comunicativo reforçando, complementando
ou expandindo a sua fala, dando seguimento à conversação. Por exemplo:
Fono - Cadê a tampa? (Pergunta)
Paciente - “A tampa” (Ecolalia)
Fono - Cadê? (Complementação)
Paciente - Começou a procurar a tampa (Ação resposta)
Outra importante estratégia para a aquisição da
linguagem, são os sistemas de comunicação alternativa. Através deles é possível
organizar rotinas e comportamentos, favorecendo a compreensão da criança. Além
de permitir à criança "dizer" o que deseja, o que lhe interessa,
reduzindo a sua frustração e ansiedade e consequentemente diminuindo
comportamentos difíceis. Através da interpretação dos símbolos, imagens e
fotografias, inseridos no contexto dialógico, promove-se o funcionamento da
linguagem.
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*Texto publicado originalmente em junho de 2015 e reescrito em janeiro de 2016.