domingo, 17 de outubro de 2010

Atividades escolares: aproximação ou afastamento da linguagem escrita?



Desde a época da graduação (e talvez mesmo antes desta) sempre me interessei muito pela linguagem escrita e questões relacionadas à aprendizagem. Atualmente tenho estado em contato constante com atividades escolares e muitas delas eu consideraria pouco significativas. Vale lembrar que meu contato maior é com atividades de 1 a 4 série, período que compreende a base do ensino formal. Pois bem, vamos ao que interessa. Observando atividades como interpretação de texto me vêm muitas questões... Primeiramente, podemos observar que neste tipo de atividade o aluno deve escrever exatamente aquilo que o professor quer ver como resposta, as questões que se colocam ao aluno são facilmente encontradas em trechos do texto e o aluno deve identificar onde está a resposta e copiá-la, por vezes têm de copiar trechos enormes para que a resposta seja considerada satisfatória. Antes de qualquer coisa esta atividade é considerada chata pelas crianças, e não só por elas, afinal quem gosta de ficar copiando trechos enormes... além disso essa atividade com grande frequência restringe a criança impedindo que ela relacione o que foi lido no texto com suas experiências e vivencias... muitas vezes faz com que o aluno se prenda ao sentido literal, permitem uma unica interpretação, porém devemos nos lembrar que um mesmo texto pode ter múltiplas interpretações de acordo com aquele que o lê. Ao simplesmente copiar um trecho lido a reflexão da criança sobre sua escrita e sobre o texto lido torna-se por vezes, limitada. A exigência de que a criança copie as palavras exatamente como estão escritas no texto podem impedir que a criança mostre a sua escrita, os processos de construção pelo qual está passando. O erro na escrita é sempre visto como algo ruim quando na verdade é algo que pode permitir ao professor, aos pais e todos aqueles envolvidos no processo de aprendizagem verificar quais as estratégias utilizadas pela criança, quais seriam suas dificuldades, e orientar a prática dentro e fora das salas de aula de acordo com as necessidades reais da criança e sendo então muito mais significativas.  As atividades de leitura e escrita, principalmente nesta fase da vida, devem ser prazerosas, pois sempre fazemos melhor aquilo que gostamos, que nos dá prazer.

Um comentário:

  1. Oi Dirlene
    Que esclarecedor este post! Penso que muitos professores precisam se "libertar" do sistema. Não será fácil, as condições de ensino são precárias e o salário é ruim, mas não acredito que os próprios professores tenham prazer de ensinar desta forma, vendo resultados tão limitados! Queridos professores, não temam ousar propor formas diferentes e explorar a criatividade dos pequenos e contem com a nossa parceria da fonoaudiologia.
    Dirlene, obrigada pelo espaço para este recado.
    Um beijo

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